22/03/2012

LINKS EXCELENTES, VALE A PENA CONHECER!

DICAS PARA SER UM BOM PROFESSOR - Mário Sérgio Cortella, brilhante filósofo e comunicador! MENOS DE 2 MINUTOS. ÓTIMO!!! VALE A PENA D+ VER E BUSCAR APRENDER.
 
 
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Rubem Alves - O papel do professor - APENAS  3 MINUTINHOS...
 
Rubem Alves acredita que o papel do professor é ensinar o aluno a pensar provocando a curiosidade da criança ou adolescente.
 
 
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Vale assistir e deixar o coração assimilar as sábias provocações do querido EDUCADOR Tião Rocha!
Tião Rocha fala sobre novos modelos e conceitos de educação em entrevista ao Programa Espaço PUC | Outubro de 2011. 17MIN.
 
 
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Desafios da Educação
António Nóvoa é Doutor em Ciências da Educação e Doutor em História
Ele tem-se dedicado a estudos de história da educação e de educação
comparada. 25 MIN.
 
 
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Mais um momento de Reflexão com o querido educador Tião Rocha!
Tião Rocha em destaque no Movimento Natura - Lições transformadoras - Episódio Final. MENOS DE 4 MIN.
 
 
 
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10/05/2011

VAMOS DIVULGAR!

Amigos e amigas,

A Diretoria de Educação Básica Presencial - DEB/CAPES, em colaboração com a Coordenação Geral do Portal de Periódicos, articulou o projeto Britannica Escola Online , um portal para crianças de seis a onze anos, que cursam o ensino fundamental.
Ao acessar a interface da Britannica Escola Online , alunos e professores das escolas públicas de todo o país poderão utilizar durante o processo de aprendizado ferramentas de ensino e recursos multimídia disponíveis no Portal, como artigos de enciclopédia, imagens e vídeos, um atlas do mundo que incorpora a tecnologia do Google Maps, biografias, notícias diárias voltadas para as crianças, recursos interativos de geografia, jogos interativos, entre outros.
Essa ferramenta de ensino está disponível no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no Portal do Professor e no Portal do Aluno .
A seguir o link com a reportagem completa sobre o Britannica Escola Online divulgada no site da Capes:
http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-noticias/4411-estudantes-do-ensino-fundamental-podem-acessar-britannica-escola-online-pelo-portal

Aproveitem essa ferramenta de aprendizagem e ajudem a divulgá-la!

05/04/2011

O que está ausente no texto abaixo? Tente descobrir !!!!!


Sem nenhum tropeço, posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo permitindo, mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível.
Pode-se dizer tudo, com sentido completo, como se isto fosse mero ovo de Colombo.
Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo.
Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o que quiser escolher. Podemos, em estilo corrente, repetir sempre um som ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir.
Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos.
Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês.
Por quê? Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.
 
Descobriu o que está faltando? Não? Então, leia o texto de novo. Sim? Então, veja se bate com a resposta abaixo 
-No texto, muito bem posto por sinal, não há, em nenhum lugar, a letra "a". Você duvida? Então leia-o de novo. Depois de lê-lo, vá mais adiante, bem mais adiante.
 
As leituras, além de ser um jogo agradável, penso que valeram para você, se já não faz, dê mais valor à sua língua, que é muito mais bonita do que aquelas que muitos vivem a imitar, como um papagaio.

04/04/2011

1960 X 2010

 
Cenário 1: João não fica quieto na sala de aula.  Interrompe e perturba os colegas.
1960: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca descomunal e volta tranquilo à classe.
2010: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com transtornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD, o psiquiatra lhe receita Rivotril. Se transforma num Zumbí. Os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz.

Cenário 2: Luis quebra o farol de um carro no seu bairro.
1960:  Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no traseiro... A Luis nem lhe passa pela cabeça fazer outra nova "cagada", cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.
2010: Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no traseiro... Prendem o pai de Luis por maus tratos. O condenam a 5 anos de reclusão e, por 15 anos deve abster-se de ver seu  filho.   Sem o guia de uma  figura paterna, Luis se volta para a droga, delinque e fica preso num presídio especial para adolescentes.

Cenário 3: José cai enquanto corria no pátio do colégio, machuca o joelho. Sua professora Maria,  o encontra chorando e o abraça para confortá-lo...
1960: Rapidamente, José se sente melhor e continua brincando.
2010: A professora Maria é acusada de abuso sexual, condenada a três anos de reclusão. José passa cinco anos de terapia em terapia. Seus pais processam o colégio por negligência e a professora por danos psicológicos, ganhando os dois juízos. Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida... 

Cenário 4: Disciplina escolar
1960: Fazíamos bagunça na classe... O professor nos dava umas boa "mijada" e/ou encaminhava para a direção; chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade.
2010: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreender-nos e fica com a culpa por fazê-lo . Nosso velho vai até o colégio se queixar do docente e para consolá-lo compra uma moto para o filhinho.

Cenário 5: Horário de Verão.
1960:Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. Não acontece nada.
2010: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. A gente sofre transtornos de sono, depressão, falta de apetite,  nas mulheres aparece celulite.

Cenário 6: Fim das férias.
1960: Depois de passar férias com toda a família enfiada num Gordini, após 15 dias de sol na praia, hora de voltar. No dia seguinte se trabalha e tudo bem.
2010: Depois de voltar de Cancún, numa viagem 'all incluse', terminam as férias e a gente sofre da síndrome do abandono, pânico, attack e seborreia...

11/03/2011

Eu sou um professor - Por John W. Schlatter - Tradução de Tatiana Belinky e adaptação de Guiomar Namo de Mello

Eu sou um professor.
Nasci no primeiro momento em que uma pergunta saltou da boca de uma criança.
Tenho sido muitas pessoas em muitos lugares.
Sou Sócrates estimulando a juventude de Atenas para descobrir novas idéias usando perguntas.
Sou Anne Sullivan, tamborilando os segredos do universo sobre a mão estendida de Helen Keller.
Sou Esopo e Hans Christian Andersen, revelando a verdade por meio de muitas, muitas histórias.
Sou Darcy Ribeiro, construindo uma universidade a partir do nada no planalto brasileiro.
Sou Ayrton Senna que transforma sua fama de herói esportista em recursos para educar crianças em seu país.
Sou Anísio Teixeira na sua luta de democratização de educação para que todas as crianças brasileiras tenham acesso à escola.
Os nomes daqueles que exerceram minha profissão constituem uma galeria da fama da humanidade: Buda, Paulo Freire, Confúcio, Montessori, Emília Ferreiro, Moisés, Jesus.
Eu sou também aqueles nomes e rostos que já foram esquecidos, mas cujas lições e cujo caráter serão para sempre lembrados nas realizações dos que educaram.
Já chorei de alegria em casamentos de ex-alunos, ri de felicidade pelo nascimento de seus filhos e me quedei de cabeça baixa, em dor e confusão, junto a sepulturas cavadas cedo demais para corpos jovens demais.
No decorrer de um dia, já fui chamado para ser artista, amigo, enfermeiro, médico e treinador; tive de encontrar objetos perdidos, emprestar dinheiro, fui motorista de táxi, psicólogo, substituto de pai e mãe, vendedor, político e guardião da fé.
Apesar de mapas, gráficos, fórmulas, verbos, histórias e livros, na verdade não tive nada a ensinar a meus alunos porque o que de fato eles têm de aprender é quem eles são. Eu sei que é preciso um mundo para ensinar a uma pessoa como ela é.
Eu sou um paradoxo. Quanto mais escuto, mais alta se faz ouvir minha voz. Quanto mais estou disposto a receber com simpatia o que vem de meus alunos, mais tenho para oferecer-lhes.
Riqueza material não faz parte dos meus objetivos, mas eu sou um caçador de tesouros, dedicado em tempo integral à procura de novas oportunidades para meus alunos usarem seus talentos e buscando sempre descobrir seu potencial, às vezes enterrado sob o sentimento do fracasso.
Sou o mais afortunado dos trabalhadores.
Um médico pode trazer uma vida ao mundo num só momento mágico. A mim é dado cuidar que a vida renasça a cada dia com novas perguntas, melhores idéias e amizades mais sólidas.
Um arquiteto sabe que, se construir com cuidado, sua estrutura pode durar séculos. Um professor sabe que, se construir com amor, sua obra, com certeza, durará para sempre.
Sou um guerreiro que luta todos os dias contra a pressão de colegas, a negatividade, o medo, o conformismo, o preconceito, a ignorância e a apatia. Mas tenho grandes aliados: a inteligência, a curiosidade, o apoio dos pais, a individualidade, a criatividade, a fé, o amor e o riso. Todos vêm reforçar minha trincheira.
E a quem devo agradecer pela vida maravilhosa que tenho senão a vocês, pais, que me honraram ao me confiar seus filhos, que são sua maior contribuição para a eternidade.
E assim tenho um passado rico em recordações. Tenho um presente desafiador, cheio de aventuras e alegrias, porque me é dado passar todos os meus dias com o futuro.
Sou um professor... e agradeço a Deus por isso, todos os dias.

Eu Creio - Cora Coralina



Creio nos valores humanos
e sou a mulher da terra.
Creio na força do trabalho
como elos e trança do progresso.
Acredito numa energia imanente
que virá um dia ligar a família humana
numa corrente de fraternidade universal.
Creio na salvação dos abandonados
e na regeneração dos encarcerados,
pela exaltação e dignidade do trabalho.
Acredito nos jovens
à procura de caminhos novos,
abrindo espaços largos na vida.
Creio na superação das incertezas
deste fim de século.
Cora Coralina
1889 - 1985

A complicada arte de ver - Por Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões. É uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa -garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...